segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Decifrando a língua bracarense :)

Para quem não sabe, aqui vai a explicação do episódio de ontem:

Uma bica para um lisboeta é isto:


Uma bica para um bracarense é isto:

Mas aos Domingos normalmente as padarias brancarenses não fazem pão, nem bicas, só fazem rosca, que é isto:


E já que falamos em Braga, deixo-vos este excerto de um texto do Miguel Esteves Cardoso...modéstia à parte, mas Braga é exactamente isto que ele descreve:

"A primeira vez que fui a Braga já estava à espera de encontrar uma cidade grande e diferente de todas as outras. Mas fiquei siderado. Acho que Braga se dá a conhecer a quem lá entra, sem receios ou desejos de impressionar. A primeira impressão foi a modernidade de Braga - pareceu-me Portugal, mas no futuro. E num futuro feliz. O Porto e Lisboa são mais provincianos do que Braga; tem mais complexos; tem mais manias; tem mais questiúnculas por resolver e mais coisas para provar.
Braga fez-me lembrar Milão. É verdade. Eu adoro Milão mas Milão é (mais ou menos) Italiano, enquanto Braga é descaradamente português. Havia muitas motas; muitas luzes; muita alegria; muito à-vontade.Lisboa e Porto digladiam-se; confrontam-se; definem-se por oposição uma à outra. Braga está-se nas tintas. E Coimbra - que é outra cidade feliz de Portugal - também é muito gira, mas não tem o poderio e a prosperidade de Braga.
Em Braga, ninguém está preocupado com a afirmação de Braga em Portugal ou no mundo. Braga já era e Braga continua a ser. Sem ir a Roma, só em Braga se compreende o sentido da palavra "Augusta". Em contrapartida, na Rua Augusta, em Lisboa, não há boa vontade que chegue para nos convencer que o adjectivo tenha proveniência romana. A Rua Augusta é "augusta" como a Avenida da Liberdade é da "liberdade" e a Avenida dos Aliados é dos "aliados", mas Braga é augusta no sentido original, conferido pelo próprio Augusto.
Em Braga, a questão de se "comer bem" ou "comer mal" não existe. Come-se. E, para se comer, não pode ser mal. Pronto. Em Lisboa, por muito bem que se conheçam os poucos bons restaurantes, está-se sempre à espera de uma desilusãozinha.No Porto, apesar de ser difícil, ainda se consegue arranjar alguma ansiedade de se ser mal servido; de ir a um restaurante desconhecido e, por um cósmico azar, comer menos do que bem. Em Braga isso é impossível. O problema da ansiedade não existe.
Braga tem tudo. Passa bem sem nós. Mas nós é que não passamos sem ela, porque os bracarenses ensinam-nos a não perder tempo a medir o comprimento das pilinhas uns dos outros ou a arranjar termómetros de portuguesismo ou de autenticidade."


Mais palavras para quê?
Sim...sou orgulhasamente Bracarense, mas isso vocês já sabiam!

5 comentários:

Agridoce disse...

Fiquei com curiosidade de conhecer :)

ameixa seca disse...

Ora aí está! Biba Braga :) E rosca também se pode chamar de regueifa, pelo menos aqui também se chama assim ao Domingo!

sushibaby disse...

Nâo sou de Braga mas vivo em Braga e viva a Braga...

Anabela disse...

Sabes que adorei quando li esse mail do esteves cardoso,ainda bem que existe alguem dos meios de comunicaçao que se lembram da gente,bjs

AD disse...

E mai nada....ai a rosquinha quentinha ao domingo de manha que o meu pai vai buscar (isto daki a 2 meses vai-se acabar :( ) é tao boa...é so deitar manteiga dentro aquilo derrete em 2 segundos e comerrrrr. aiiiiii

É bom viver em Braga... Já agora a menina teve tempo de vir a Braga Romana?